sábado, 31 de janeiro de 2015

Nothing more than feelings

Hoje como todos os dias do ultimo mês, fui para mais um dia com toda a vontade de fazer mais e melhor, mas algo começou diferente em minha mente. Logo cedo olhei pela janela e escutei lá ao fundo o som da mesquita e a oração matinal, e senti como se não fizesse realmente parte daquilo, como não faço mesmo.
Fui logo cedo ao Agrupamento de Escuteiros, Escuteiros mesmo é assim em português de Portugal, vi os jovens chegando, irmãos escoteiros, mas eu era o diferente no meio deles, eu com meu uniforme tradicional e eles como jovens Guinenses, com seu estilo próprio, olhavam para mim e acreditavam que eu seria mais um estrangeiro que estava ali de passagem, mesmo tentando me enturmar falando Kriol, sendo simpático e bem recebido, pela primeira vez me senti, em um grupo escoteiro, um peixe fora d’água.


Fui para Missão as 09h, no meio da atividade escoteira, pois tínhamos que ir a Quiamel, uma cidade a 40 km de Bissau. Estávamos procurando algumas pessoas que meu amigo José não lembrava onde moravam corretamente e só tínhamos as fotos deles.
Paramos na Vila de Tôr, para perguntar, neste momento me senti a pessoa mais diferente do mundo, metade da vila estava a nossa volta e o José Mate (o espanhol), com as fotos estava rodeado de pessoas  que tentavam se comunicar com ele. A minha volta um jovem que falava Kriol e Inglês e tentando nos ajudar. Todas as informações dadas não estavam certas.
Continuamos pela pista e sempre que passávamos por alguma casa com crianças eles gritavam “BRANCO”, coisa normal aqui na Guiné, mas hoje senti mais que nos outros dias.
Por fim depois de algumas horas encontramos as pessoas que procurávamos, fizemos o contanto, como sempre complicado, pois eu tentando traduzir do espanhol do José para o Kriol dos nacionais e vários jovens a nos rodear falando um pouco de português, Kriol e Papel.


Na volta enquanto estava dirigindo, perdido em meus pensamentos me senti como um total estranho aqui, como se estivesse em ambiente hostil, o que aqui para mim nunca foi. A sensação que tive é inexplicável, um mix de melancolia e satisfação de estar vencendo meus limites me colocando em risco só para ajudar os outros.

Que Deus possa me fazer cada vez mais forte e sábio e que isto seja, NADA MAIS QUE SENTIMENTOS .

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Medalha das Nações Unidas

Hoje aconteceu a primeira Parada para a entrega de medalhas aos Policiais e Militares que servem na Guiné-Bissau. Onde foram agraciados policiais de militares de 5 países sendo eles EUA, Portugal, Brasil, Paraguai e Espanha.
Do Brasil o Capitão Carlos Souza da PMDF,da Espanha o Inspector de Polícia José Mate, dos Estado Unidos da América a Detetive Dee Dee Roedriguez da Políca do Estado de Montana, do Paraguay o Comissário Principal de polícia Oscar Pereira, de Portugal o Tenente-Coronel do Exército Augusto Sepulveda e a Capitã de Policia Ana Pereira.
Foi uma cerimônia marcada com prensença de vários embaixadores, dos chefes da polícias da Guiné e o alto comando da UNOGBIS. Fui escalado como mestre de ceimônia por ser nativo na lingua portuguesa e o Cap Carlos foi o orador dos agraciados pela medalha.
No segundo semestre serão agraciados os Policiais e militares que estão na missão e tiverem cumprido os requisitos para receber a medalha.
A Medalha
A medalha da Organização das Nações Unidas foi estabelecida pelo Secretário Geral das Nações Unidas em 16 de fevereiro de 1966, com o fim de ser entregue aos militares e policiais que estiverem a serviço da Nações Unidas. Assim, a entrega das medalhas especiais de serviço aos policiais das Nações Unidas é um momento único de reconhecimento e agradecimento pelos serviços prestados ao país e à paz mundial.
É um símbolo a ser utilizado com orgulho, no peito de cada um desses homens e mulheres que renunciam a sua vida cotidiana em seus países de origem para bem prestar este serviço à humanidade em um ambiente novo e na maior parte das vezes desconhecido.

Cada missão possui sua medalha e as Nações Unidas tem uma especial como foi o caso da de hoje.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Sobre Idiomas

Nos preparamos muito antes de vir a uma missão de paz, são dias e horas infindos lendo, treinando, assistindo nossos programas favoritos em inglês. Ficamos muito apreensivos com relação a isto, falar bem o Inglês ou Francês, mas quando chegamos tudo muda.
Cheguei na Guiné-Bissau e me deparei com um outro idioma, português mais próximo do de Portugal e o Kriol, lingua própria do país, que é usado para as diversas tribos se comunicarem entre si.
Fazendo meus estudos vi que a maioria da população é capaz de entender o Kriol, mas utilizam muito seus dialetos tribais e isto me encanta, pois gosto de aprender coisas novas. “ N’ misti papia kriol.”
Todos os dias aprendo uma palavra ou frase nova e me afundo em “gramáticas” de kriol, coloquei entre aspas porque não existe nada oficial quanto a forma de de falar kriol, muito menos escrever.
Outra barreira do idioma em ambiênte de missão de paz são os sotaques, pois são vários nativos em inglês como os americanos e os africanos colonizados pela inglaterra. Muitas vezes nem eles mesmo conseguem se entender.
A lingua oficial aqui na UNIGBIS é o Inglês e toda vez que queremos nos fazer entender falamos em inglês, todos os documentos precisam ser em inglês e quando vão para fora em português, daí o rala para nós é em dobro, todos veem até nós solicitar ajuda. Um fator importante a ser levado em conta aqui é que o Português local não é tão rebuscado quanto o Português e nem tão maleável quanto ao brasileiro.
Um final de semana estávamos almoçando e a cada momento era uma onda de um idioma, inglês base, depois portugues para interagir com os locais, daí mudava para o espanho sulamericano porque os “hermanos” estavam no centro da conversa e por vezes era o Italiano ou francês, para fazer os pedidos das comidas, uma experiência de “OUTROS MUNDOS”.
Então por mais que nós nos preparemos, sempre terá algo mais para aprender sempre que se chega em um país novo, com uma cultura rica e diversa como a Guiné-Bissau, nos sentimos em uma torre de babel, mas onde todos se entendem ou se esforçam para se entender.


Kriol da Guiné

Kriol (crioulo) é uma língua franca de 60% da população da Guiné-Bissau, sendo falado também no Senegal. 160 mil pessoas usam crioulo como primeira língua na Guiné Bissau e mais 600 mil como segunda língua, enquanto que cerca de 13% da população fala português.
É também conhecido como “crioulo da Guiné” ou “crioulo guineense”. Junto com o Crioulo de Cabo Verde forma o Grupo Crioulo da Alta-Guiné, o mais antigo de Línguas Crioula com base na Língua Portuguesa.
Há três principais dialetos no crioulo da Guiné-Bissau e do Senegal:
·           Bissau e Bolama,
·           Bafatá
·           CacheuZiguinchor
Esses dialetos foram influenciados por idiomas de povos próximos como mandingasmanjacospapéis. Porém, 80% do vocabulário crioulo da Guiné-Bissau vêm do Português.
Mercadores portugueses e o pessoal assentado na região se miscigenaram aos nativos, conforme o hábito dos exploradores portugueses que causou a existência de muitos idiomas crioulos de origem lusitana em todo o mundo. Um pequeno grupo de assentamentos, dos chamados lançados facilitou a intermediação no contato entre os europeus e os nativos, através da influência Portuguesa via língua e outros aspectos culturais.

Fonte: Wikkipedia

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Hay que endurecer sem perder la ternura.

Por muito tempo escutava esta frase e muito parecia coisa de revolucionário ou de paixão
não correspondida, mas hoje pude saber exatamente o que é isto.
Com um pouco mais de uma semana e muitos novos conceitos, continuo a estabelecer os contatos e assumir a função que é de meu antecessor, Cap Carlos Souza. São muitas frentes de trabalho e muitas pessoas para esquentar os contatos.
Na terça feira passada, no final do dia sentamos em uma padaria da cidade na rotunda* do Império em Guiné Bissau e fomos tomar café com um policial que trabalha em uma das ilhas da Guiné Bissau, foi uma grande aula de força de vontade.
O Cabo Armando o é uma pessoa excepcional um homem forte e mão firme, que lutou na ultima guerra em Bissau, sofreu a dor do lado que perdeu, mas sempre se manteve sorrindo, o Cap Carlos já tinha contato com o Armando há alguns meses e já tinha ido na ilha a qual ele é a autoridade e pode confirmar e também me contar várias histórias como a do Hipopótamo que vive na ilha.
O cabo Amaro é o único policial na sua ilha Orango e responsável por mais 4 ilhas ao redor, o mesmo faz o atendimento de todas as ocorrências e juntos com os mais velhos de cada vila decide sobre os pequenos delitos e as medida corretivas de cada pessoa que saia da linha. Conforme ele disse existem vários meses sem nenhuma ocorrência no local, onde o mesmo controla de uma forma espetacular, pois não possui veículo e mesmo assim caminha dezenas de km para atender uma simples ocorrência. A ilha onde ele vive não é servida de barco publico e o mesmo vive do que planta e das dezenas de dólares que recebe.
A situação para nós, logo de inicio nos comove e nos traz a mente o que poderia fazer para ajuda-lo diretamente, mas temos que lembra que estamos aqui representando centenas de países temos que pensar como se pode mudar a situação de forma geral atingindo o maior número de pessoas.
Confesso que com a história dele, deu vontade de sacar a carteira e diminuir o sofrimento de uma pessoa abnegada como ele, que vive em lugar onde outros policiais não vão e não querem, subsistem com o que conseguem da natureza e suas lavouras e ainda tem um brilho de dizer sou policial.
Detalhe ele ainda está treinando um auxiliar que não recebe nada e está aguardando a próxima incorporação para se tornar policial e poder se tornar um policial oficialmente.
Hoje me endureci, mas espero não perder a ternura, pois o trabalho é grande e árduo existem dezenas, qui Sá, centenas de Armando por Bissau e pelo mundo aguardando uma ajuda.
Vamos trabalhar e melhorar o mundo com nosso suor.


* Rotunda – intercessão rotatória, balão, queijinho (minas gerais)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Seleção UNPOL Brasil 2015

Muitos estavam me perguntando quando seria a próxima seleção para compor o quadro e Policiais Militares voluntários para missão de paz das Nações Unidas e agora foi publicado o edital da primeira seleção deste ano.
O DEEC da PMDF convoca os interessados, à partir de Sargento e com mínimo 5 anos de polícia, para até dia 11 de fevereiro fazerem as inscrições que se realizaram em Recife – PE e Porto Alegre – RS, entre os dias 24 e 26 de março deste ano. EDITAL 001 DEEC-PMDF
Detalhes importantes, à custa correrá por conta do candidato, ou seja, passagem, estadia e munições para o teste de tiro cada um deverá prover.
Então prepare os documentos e intensifique os estudos em inglês e invista tempo e dinheiro em você.
A seleção
Como já falei em outro post a seleção é simples mas exige preparo são três fases básicas, as quais só avançam os aprovados.
Proficiência no idioma, você será submetido a uma avaliação feita por professores de inglês onde fará a interpretação de um texto com um cenário de uma ocorrência e responderá algumas perguntas. Cuidado com o tempo. Depois irá escutar um áudio onde se narra os detalhes da mesma ocorrência e você irá tomar notas, em seguida escutará um dialogo sobre as pessoas envolvidas nesta ocorrência e por fim responderá um questionário sobre o que escutou, nomes, características, lugares e horários. Faça boas anotações e boa sorte
Depois se for aprovado vai para a entrevista pessoal, onde irá responder sobre questões profissionais e pessoais.
Após a matéria inglês, você irá para a prova de direção, onde irá conduzir um veículo 4x4 e fazer garagem e baliza, bem como um circuito. Normalmente este veículo é um Marruá.
Sendo aprovado irá para o teste de tiro onde irá efetuar disparos a 5 e 7 metros, utilizando a sua arma própria de serviço. Só podendo errar um tiro. Sugiro treinar.
Após a aprovação você irá compor o hall de pessoas habilitadas para compor as missões e assim que for convocado e aprovado pelo Comando Geral, será submetido ao ultimo filtro a entrevista por telefone.
Há alguns meses passei por esta seleção e hoje estou em Guiné-Bissau, trabalhando como Police Adviser da UNIOGBIS, então se prepare e boa sorte.

UNPOL 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Primeira Semana

Hoje se encerra a minha primeira semana em Missão de Paz da ONU, na Guiné-Bissau, localizada no continente africano.
Foi uma semana bem intensa, desde a saída do Brasil até hoje. Durante a viagem fiz várias escalas como São Paulo – Brasil, Lome – Togo, Dakar – Senegal e por fim Bissau.
Domingo às 21h local, logo na chegada verifiquei que minhas malas não chegaram e não se sabia o paradeiro, isto é muito comum acontecer, vários outros missionários já passaram por isto. Fui orientado pelo Cap Carlos a trazer mais roupas na mochila de mão, mas como nunca havia acontecido comigo não acreditei e até hoje estou com dois conjuntos de roupas.
Encontrei a equipe do Pr. Adilson, que com todo o gás estava se dirigindo à Bissau para ajudar o povo que tanto necessita, fechamos o contato e fortalecemos.
Logo na segunda feira, me apresentei na UNIOGBIS e iniciei meu “check in” me apresentando para todas as seções, fui a identificação e fiz minha identidade da ONU e fui ao financeiro verificar a possibilidade de adiantamento de diárias para comprar algumas roupas. O dia passou logo.
Nos primeiros dias o cansaço me parecia pesado, estava dormindo mais que o normal até que apareceram os sintomas da gripe, por causa da aclimatação.
Na quarta feira realizei meu teste de direção e obtive minha habilitação das Nações Unidas, até este dia já tinha lido vários relatórios sobre a atual situação e pude a noite estar com alguns irmãos de fé para realizarmos uma boa oração.
Oração onde o pastor me ungiu da cabeça aos pés o que me fez ficar mais fortalecido.
  
Na quinta fiz a primeira visita a policia local, conheci a Esquadra Modelo e pude checar in loco o que diziam os relatórios. Minha mente a cada momento buscava respostas e soluções para tudo que estava vendo. Daí, comecei já a rascunhar várias ideias e estou aguardando o momento certo e autorizado para coloca-las em prática.
O final de semana chegou e o trabalho aqui não para, todos os dias de domingo a domingo das 8h às 17h30min,  muito gratificante, pois o dia passa sem se ver, temos muito o que fazer.

Dicas:
·         Demora mais tempo para se adaptar ao país;
.     Temos que escutar o mais antigo
·         A gripe pega mesmo com as vacinas;
·         Temos muito que fazer.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Deixando os quadros.

Um dos momentos críticos da missão é a saída da corporação, pois muitos imprevistos podem acontecer, mas com o apoio de todos não fica dificil.
Recebi minha “travel authorization” no dia 23 de dezembro de 2014, constando a data do meu início para o dia 26 de dezembro. Graças ao amigo Cap Carlos Souza , pois ocorreram alguns problemas de comunicação entre mim , UNIOGBIS e Nova York . Recebi o e-mail por volta das 11:30 da manhã.
Neste mesmo momento fui ao CAEAP, pois havia acabado o Curso de Altos Estudos de Praças e me encontrava de recesso, solicitei minha imediata apresentação na Academia de Policia Militar de Brasília (APMB), unidade de origem.
Apresentei-me no mesmo momento na APMB ao também amigo Cap Alves que estava como chefe do P1, peguei o formulário de nada consta e fui colher as assinaturas, como sempre algo nos prende, não tinha trazido a arma e o colete,por este motivo não consegui fechar e ao retornar ao P1 o Cap Alves falou que precisaria de um expediente de alguém oficializando a minha saída.
Daí me dirigi ao DPPP, para me informar e o Cap Mata, me informou que precisava de toda a documentação que tinha original, o que naquele momento era impossível. Corri na Secretaria Geral e conversei com o Cap Lemes que prontamente recolheu todos os documentos e informações e foi despachar com o Cel Chefe da SG.
Mas antes disto, como o trâmite havia mudado e não tinha ofício do IGPM como sempre havia, ele ligou para o IGPM que orientou que aqueles eram todos os documentos.
O chefe da SG despachou com o Comandante Geral de forma excepcional e às 19:15 do dia 23 de dezembro estava autorizado a deixar a PM rumo à ONU.
Seguiram os trâmites burocráticos e a PMDF manda mais um representante para uma Missão de Paz.

P.S. – Agradeço a todos que me ajudaram, Deus os abençoe.

Leavng the Corp.

One of the most critical situations is leave our corp. a lot things can happens but with support from all, not is hard.
At this time, I went to CAEAP (specialization unity), because days ago I was quit the High studies course. Asked my immediately presentation in Police Academy, my official duty place.
Just in time I went to Academy to show me to Cap Alves, the chief in charge, got the forms and start with my check out, every time happens some things to block us, one thing was that a didn’t bring my gun and flat jacket, for this don’t quit my check out, and backing to P1 the Cap. Alves told me that I needed a official document with determination to go out.
After that information I went to get information with Cap. Mata, that sad me the necessity of all original sheets , what was impossible at that time. Quickly went to General Secretariat e talked with Cap. Lemes in prompt get all the actual documents and information to dispatch with General Secretary.
Before my designation was necessary a document from IGPM (Army Section) what I didn’t has, and the captain called IGPM that oriented all that we needed.
The general Secretary dispatched with the General Commander in a awesome way, and at 7:15 pm of the same Day I was authorized to leave the corporation to UN.
Followed all official way and the PMDF send one more man to Peace Mission.

P.S. – Thanks for all guys that helped me, God bless.